Sunday, August 24, 2014

Devaneios do destino



Procurou fugir das recordações que o assolavam em todos os dias da sua vida. Mas as memórias eram tão doces, viciantes que o condicionaram para a vida, até nas suas escolhas.

Não conseguiu arrancar do seu coração o amor que se agarrava aguerridamente à sua alma, possuindo-a!

Toda a sua vida o perseguiu a vontade frenética de abandonar tudo e amá-la, viver com ela. Mas a dúvida, os medos coibiram-no, castraram-no.

Subjugou-se ao destino que ele próprio traçou. Inconscientemente, a sua presença era sentida e através dela delineava as suas escolhas, olhando outras mulheres, vendo-a personificadas na sua amada. Os feitios, a personalidade as características físicas – aqueles cabelos longos, ondulados, pretos. Como uma lapa as recordações viviam nele e em tudo aquilo que o rodeava …

No seu íntimo queria abandonar o comodismo, seguir sem rumo, apenas com o pensamento em reconquistar o amor perdido, reviver o sonho, outrora abandonado.  Não se sentia verdadeiramente feliz, nunca o foi, sempre lhe faltou algo, o desespero abeirou-se dele, lançando-o no precipício … esvaziando-o!

Podia ter alcançado o amor puro, o sentimento, mas deixou-o esmorecer. A tristeza visceral atingiu-o com uma violência tal, que nem os anos lhe apaziguaram a alma.

Morreu, apagou-se é agora um fantasma de si mesmo …

Terá essa alma salvação? 
Será capaz de se tornar audaz?


El Gitano – 24/08/2014

No comments:

Post a Comment