Procurou fugir das
recordações que o assolavam em todos os dias da sua vida. Mas as memórias eram
tão doces, viciantes que o condicionaram para a vida, até nas suas escolhas.
Não conseguiu arrancar do
seu coração o amor que se agarrava aguerridamente à sua alma, possuindo-a!
Toda a sua vida o perseguiu
a vontade frenética de abandonar tudo e amá-la, viver com ela. Mas a dúvida, os
medos coibiram-no, castraram-no.
Subjugou-se ao destino que
ele próprio traçou. Inconscientemente, a sua presença era sentida e através
dela delineava as suas escolhas, olhando outras mulheres, vendo-a
personificadas na sua amada. Os feitios, a personalidade as características
físicas – aqueles cabelos longos, ondulados, pretos. Como uma lapa as
recordações viviam nele e em tudo aquilo que o rodeava …
No seu íntimo queria
abandonar o comodismo, seguir sem rumo, apenas com o pensamento em reconquistar
o amor perdido, reviver o sonho, outrora abandonado. Não se sentia verdadeiramente feliz, nunca o
foi, sempre lhe faltou algo, o desespero abeirou-se dele, lançando-o no
precipício … esvaziando-o!
Podia ter alcançado o amor
puro, o sentimento, mas deixou-o esmorecer. A tristeza visceral atingiu-o com
uma violência tal, que nem os anos lhe apaziguaram a alma.
Morreu, apagou-se é agora um
fantasma de si mesmo …
Terá essa alma salvação?
Será
capaz de se tornar audaz?
El Gitano – 24/08/2014
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